“Contrata-se alguém para resolver problemas”

Contrata-se. Analista de produção, Gerente de qualidade ou Diretor executivo de operações. Não importa o cargo ou a descrição da vaga, as empresas buscam apenas de um tipo de profissional: Aquele que consegue resolver problemas.

Você, caro leitor, não é pago para analisar processos, ou desenvolver produtos, ou para liderar uma equipe. Em última análise, você sempre será pago pela sua capacidade de contornar situações adversas.

Provavelmente você já ouviu isso em algum outro lugar. Ou já deve ter percebido que, quando te chamam, é sempre para descascar um abacaxi, nunca para receber um tapinha nas costas.

De fato, não é uma informação inovadora. É apenas uma constatação da realidade. Mas isso não faz com que essa informação seja menos relevante.

“Tá, mas o que podemos fazer com esta informação?”

Contrata-se para resolver problemas
Será que você tem perfil?

O mundo está em busca de soluções.

Você já parou para pensar em como as pessoas se relacionam através de problemas? Veja você mesmo. Está com fome? Faz o pedido no Ifood. Seu carro quebrou? Chama o mecânico. Precisa aprender algo? Contrata um professor.

Existe todo um ecossistema de troca entre as pessoas, onde umas resolvem problemas de outras. E você também está inserido neste contexto, resolvendo pendências para os outros.

Isso acontece porque cada pessoa tem suas necessidades e suas especialidades e ninguém é igual. E que bom que é assim. Talvez o mundo não fosse um lugar legal de se viver se todos fossem autossuficientes.

Digo isso porque neste mundo, não haveria motivo para que as pessoas se relacionassem com as outras.

Nossa realidade “imperfeita” é o que permite nossas conexões.

Uma indústria de alimentos é uma indústria de problemas.

A própria existência da indústria entra neste contexto de solução de problemas. Afinal, se existem pessoas que precisam, ou querem, ou gostam de determinado alimento, a indústria está fazendo o papel de atender essa necessidade.

Para isso, ela precisa de profissionais capacitados.

Independente da área, do setor, do salário, ou da montanha de exigências, o que qualquer indústria realmente quer é alguém que consiga lidar bem com os conflitos, porque eles são inevitáveis.

Olha, como existe problema dentro de uma fábrica. As vezes parece mesmo uma fábrica de problemas, e quando sobra tempo, produz alimentos.

E não adianta mudar de empresa. As vezes mudam os tipos de problemas, mas eles nunca deixam de existir.

Nós por outro lado, precisamos do salário oferecido, para também resolver nossos problemas, pagar as contas, ter roupas confortáveis, quitar a dívida com o agiota ou comprar comida.

Tudo está conectado por meio das trocas.

Então, no fundo, a existência de problemas significa existir trabalho. O dia em que acabarem as falhas em uma empresa também será o dia em que nós não teremos mais com o que contribuir como profissionais técnicos. Triste, não?

Não quer dizer também que dá pra aceitar qualquer coisa. Tudo bem xingar as vezes, ou dar um sermão em geral. Mas saiba avaliar, existem níveis de problemas que não valem nosso salário, nossa saúde ou nosso caráter.

Direcione seu foco para a solução.

Saber que as empresas buscam esse perfil de profissional nos dá uma pista de como obter sucesso. Se o foco deles está na solução dos problemas, o nosso também deve estar.

Mesmo antes de ser contratado, você pode direcionar seu currículo nesse sentido. Não escreva apenas sua formação e locais onde trabalhou. Diga o quê você pode fazer, que tipos de problema você consegue resolver. Faça o mesmo na entrevista.

Estude a empresa onde você quer trabalhar e veja quais são as necessidades internas, e veja se você tem mesmo o perfil para atendê-las. Escreva sempre a verdade sobre você, mas de um jeito que deixe claro como você será útil.

No próprio trabalho, busque sempre a solução. Não seja daquela cultura de achar um culpado quando ocorre um problema. Quando é assim, os esforços são todos para tentar jogar o problema para outro setor, enquanto o correto seria atuar juntos para solucionar a questão.

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O mercado precisa de mais gente que faz parte da solução e não do problema.

Não estou falando de assumir as responsabilidades dos outros. Mas se você consegue resolver algo sem que isso atrapalhe suas atividades normais, vá lá e resolva.

Mostre sempre o quanto você pode ajudar. Cuidado para não intrometer em assuntos fora do seu setor para não parecer um enxerido. Se você ver um problema no qual pode ajudar, proponha uma solução conjunta com o gestor da área.

As pessoas se lembram de quem os ajuda.

Não cultive problemas

Se os problemas são muitos e reincidentes, atue na redução dos danos. Não é só porque ter problemas é normal que você pode deixá-los criar.

Alguns podem pensar que isso vai garantir o emprego por anos, afinal sempre que o problema ocorrer, você será o salvador. Mas em algum ponto, só vai parecer que você não consegue resolver a situação mesmo. Gestão de processos, indicadores, Lean, gestão da qualidade são apenas algumas das ferramentas que você pode utilizar.

Não tenha medo de resolver uma situação por achar que não vão mais precisar de você. Sempre vão aparecer problemas novos.

E se dar uma solução definitiva para algo significar o final de um ciclo, faça. Vai por mim, quem está dependente nesta história é você e não a empresa. É injusto com você. Se você é bom em algo, sempre existirão pessoas e indústrias que você pode ajudar.

Por fim, se você precisa de ajuda para encontrar uma solução, não hesite em entrar em contato. É sempre um prazer um novo desafio.

Lembre-se, problemas geram conexões. Não tenha medo deles, enfrente-os.

Paulo Henrique Rodrigues Júnior
Paulo Henrique Rodrigues Júnior

Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa. Atuo no setor de P&D e Processos na indústria desde 2015.
E desde então vivo um caso de amor pelos Processos Industriais. E quando sobra um tempinho, faço uns desenhos.

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