Uma introdução sobre indicadores

Me responda uma pergunta rápida. Quantas vezes durante sua formação (Técnico, Bacharel, Engenharia, etc.) você ouviu falar sobre indicadores de desempenho? Hoje vou fazer uma breve introdução sobre indicadores e como usá-los para desenvolver um trabalho de destaque

Sobre a pergunta acima, sua resposta deve ter variado de “poucas vezes” a “nenhuma”. Está tudo bem. Nossas formações têm foco técnico e por isso, a parte gerencial acaba se resumindo ao básico da gestão.

Mas aí quando chegamos nas indústrias, ou vamos aprender na prática, ou precisamos que buscar alguma especialização na área.

O fato é: na grande maioria das empresas alimentícias do Brasil não existe uma gestão por indicadores. O que é uma pena, pois essas ferramentas tem um grande potencial de gerar resultados, quando utilizadas da maneira correta.

grafico de indicadores
Representação gráfica para indicadores.

O que são indicadores?

Também chamados de KPIs (Key Performance Indicator), os indicadores de são números extraídos do processo que servem para avaliar o nível de assertividade.

À primeira vista, pode parecer algo complexo, ainda mais quando pesquisamos e encontramos diversas siglas como OEE, MTBF, TRS, TRP, PPM, etc.

Mas nesse primeiro momento, não vamos nos apegar às siglas, ou a qualquer indicador em específico.

Indicadores em geral são informações do processo que traduzimos em números e utilizamos para a tomada de decisão.

Porque traduzir em números?

Devemos extrair números do processo, para que a informação seja objetiva e comparável.

Por exemplo, se eu te disser: “Não compre esse carro, ele está muito caro!”, que tipo de decisão você pode tomar? A informação que eu te passei é vaga (Sem falar do fato de que você nem sabe que carro é).

Vou melhorar a frase: “Não compre esse carro, ele custa R$15.000!”. Agora você tem uma informação direta.

Agora você vai poder dizer se realmente está caro e o quanto caro está, pois você já tem pra si uma referência de valores de carros.

Na indústria é exatamente assim que funciona. Você pode dizer que um processo está bom ou ruim, mas essa não é uma informação muito útil.

Primeiro porque o que é bom para você, para o operador ou para o diretor é subjetivo. Depende da experiência de cada um. E segundo porque não consegue definir entre os dias bons, quais dias foram melhores ou não.

Nessa situação, podemos ter vários dias de produção bons. Dentre eles, dias com 10, 12 ou 15 toneladas de alimentos produzidos.

Ou seja, há dias melhores que outros. Consigo comparar e tomar ações melhores com base nos números. Um bom exemplo de ação é a definição de metas.

Como conseguir os indicadores?

Um indicador pode ser literalmente qualquer número dentro da empresa. O exemplo acima, de volume de produção, pode ser um indicador.

Números de RNC, Reclamações no SAC, Volume de peças com defeito, quantidade de contratações, etc. A lista é muito extensa.

Os números já estão dentro da fábrica. O que deve ser feito é a coleta desses dados. Medir é fundamental, justamente porque queremos saber esses números.

Mas indicadores não são só os números brutos extraídos do processo. Muitas vezes os indicadores são uma relação entre dois ou mais números.

No exemplo do volume de produção, se você pega esse número e divide pelas horas trabalhadas, vai ter o indicador de produtividade. Dessa forma você poderá saber se a fábrica está realmente alcançando aquilo que os equipamentos permitem.

Os indicadores mais utilizados atualmente nas empresas são relações de vários números.

Essas relações podem eliminar erros de tendência, ou condensar informações para uma melhor avaliação geral.

Atenção!

Contudo, nem todo número é que extraímos de um processo é um indicador. O primeiro requisito é a medição. Precisamos que este número seja medido com rigor, com frequência e método.

Queremos que esse número indique com fidelidade o que está ocorrendo. Mas também devemos entender qual o sentido de se estar fazendo essa medição.

É verdade que quanto mais processos medirmos, melhor será nossa capacidade de avaliação. E por consequência, melhor será nossa capacidade de melhorar o processo.

Porém, qualquer dado que temos a disposição deve servir para algum propósito. Por isso é importante entender se os dados coletados são realmente relevantes para trazer alguma melhoria.

Medir processos para construção de indicadores
Medir o processo: Você está fazendo isso errado!

Porque é disso que se trata: Melhorar. Otimizar o processo. Eu diria que uma gestão por indicadores é uma eterna competição da empresa contra ela mesma. Onde a cada dia tentamos fazer melhor em relação ao que já foi feito.

Os dados estão por toda parte, e cabe a nós extrair a informação deles. Remover os ruídos. Enfim, obter números que possam ser trabalhados e melhorados.

O indicador perfeito.

Sabe o indicador perfeito? Ele não existe! Cada indicador, antes de ser implantado, deve ser avaliado de acordo com a realidade da empresa.

Quais são os objetivos da companhia? Quais são os maiores gargalos na linha de produção? Não adianta nada o trabalho de medir e estruturar os dados em indicadores se esses indicadores não trazem informações relevantes para a empresa.

Isso é jogar esforço e dinheiro fora. Sem falar da frustração de ver um trabalho todo não servir para nada.

Indicadores são apenas ferramentas. Nós é que tomamos as decisões e construímos a melhoria. Uma gestão por indicadores é uma cultura, que deve ser vivenciada pelo setor e pela empresa.

A grande questão com indicadores é: O que eles indicam? Essa é a resposta que você tem que responder dentro da sua indústria.

Cada empresa tem sua própria realidade e os indicadores devem ser aqueles que ajudem a alcançar seus objetivos.

Portanto cabe a nós analisar os dados e entender como construir indicadores sólidos, que realmente permitam decisões corretas e ajudem a melhorar os processos.

infográfico construção de indicadores
Infográfico: Implementando indicadores.

E se os indicadores já são realidade onde trabalhamos, devemos usá-los da melhor maneira, propondo sempre ações que possam melhorar aquele número.

Paulo Henrique Rodrigues Júnior
Paulo Henrique Rodrigues Júnior

Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa. Atuo no setor de P&D e Processos na indústria desde 2015.
E desde então vivo um caso de amor pelos Processos Industriais. E quando sobra um tempinho, faço uns desenhos.

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