Se vira nos trinta!

Neste artigo não vou ensinar como resolver situações na empresa em até 30 segundos (Seria um ótimo tema, aliás). Tão pouco vou falar de indústria. O título é uma referência a idade que estou completando hoje. Pois é, são 30 anos de vida!

Eu resolvi então contar hoje um pouco da minha trajetória pra vocês, os perrengues e as glórias e também uma perspectiva para os próximos 30 anos. Acaba que é menos um “Se vira nos trinta” e mais um “Arquivo confidencial”. Sem enrolação, vamos lá.

se vira nos 30
30 aninhos! É uma vida já.

As origens do Paulo Henrique.

Nasci e cresci em Viçosa, Minas Gerais. Cidade bem universitária, onde tudo gira em torno do ensino. Desde que me lembro, tive um incentivo à estudar. Meus pais, ambos de família humilde e sem oportunidades de terminar os estudos, me criaram para ser “alguém na vida”.

Minha mãe me colocou na escola aos 4 anos, um ano adiantado (Talvez ela precisasse de paz em casa.. rsrs) e sempre me acompanhou nas tarefas. Bem novo na escola ela já teve problemas comigo:

“- O Paulo não faz os exercícios em sala. Ele só fica desenhando”.

Tomei uma prensa, mas os desenhos não pararam. Apenas aprendi com o tempo a desenhar nas folhas que a mamãe não olhava.

Meu pai trabalhava basicamente o dia todo. Ele dizia e ainda diz que eu precisava estudar para não precisar trabalhar igual a ele. Eles me deram todas as condições de ser alguém, mesmo sendo pobres. Nunca faltou comida ou amor.

O maior ensinamento deles pra mim, porém, foi justamente o contrário. Eles me mostram até hoje como não é de fato “o estudo” que nos faz alguém. A falta de um diploma não os impediu de prosperarem, mesmo com dois filhos para criar.

Minha infância foi bem ao estilo dos anos 90, onde as crianças brincavam nas rua de pique-esconde, pique-pega, queimada e tudo mais. Mas tinha hora pra voltar pra casa, senão o couro comia.

Um pequeno prodígio

Desde pequeno eu demonstrava facilidade para aprender, e isso foi reforçado durante toda a minha vida escolar. Eu não precisava do tempo que os outros precisavam para entender as coisas (Por isso sobrava tempo para desenhar, talvez).

Por vezes, eu nem prestava atenção nas aulas e ainda assim tinha as melhores notas da turma. Talvez você tenha estudado com alguém assim. Eu mesmo conheci pessoas ainda “piores” que eu. Verdadeiros autodidatas.

Mas preciso confessar que tanto talento para estudar não me ajudou tanto quanto possam imaginar. Isso porque eu só fazia o necessário. Como as coisas eram fáceis, eu aproveitava o tempo livre para tudo, menos para continuar estudando.

O sistema me cobrava a nota média e quando eu a alcançava, geralmente 3 meses antes do ano letivo acabar, nada me segurava na sala. Foi assim que aprendi a jogar futebol, fliperama e xadrez: Matando aulas.

Não tenho orgulho disso, mas com 12 anos eu não tinha lá muito juízo.

As vezes eu me pego pensando em como seria se eu tivesse explorado meu potencial verdadeiro. Certamente eu não estaria aqui, mas sabe-se lá onde eu iria chegar.

Contudo, não me arrependo, pois tudo isso me fez ser quem eu sou hoje. O que importa é o que vou fazer daqui em diante.

Personalidade

Sou um quieto “fake”. Aquele tipo de pessoa que parece ser quieta e séria, mas não pode ver uma bagunça que quer participar. Não sou alguém extrovertido e comunicativo de primeira. Mas quando pega intimidade, é difícil fazer calar a boca.

Minhas paixões são desenhos, videogames, futebol e música.

Dizem que minha maior virtude é a paciência. Realmente, é raro eu levantar a voz. Evito conflitos a todo custo. Mas isso não quer dizer que não sinta raiva, eu apenas tento não tomar decisões no calor do momento.

Gosto de conhecer gente nova e suas experiências. Valorizo muito a família e as amizades pelo caminho. Nesse ponto a universidade me fez muito bem. Não apenas pelo estudo, mas pelo número de pessoas que conheci.

Os diplomas

Em 2009 passei no vestibular para o curso de Ciência e Tecnologia de Laticínios na UFV. Eu me identifiquei muito com o curso. Ali eram ensinadas coisas bem práticas. Aos poucos eu fui descobrindo que a indústria era mesmo meu destino.

Pelo meu desempenho, acabei sendo convidado à fazer Mestrado. Lembro de estudar bastante, mas de fazer a prova sem peso. Se eu não passasse, tudo bem, eu iria para a indústria.

Mas passei e foram 2 anos intensos de estudo e trabalho nas pesquisas. Posso dizer que ali eu fui desafiado mesmo. Se eu não estudasse ficaria para trás. Mas quanto mais o tempo passava, mais eu sentia que deveria ir para uma fábrica.

Na véspera da defesa, recebi o convite para o Doutorado. Mas dessa vez nem fiz a prova, para não ter risco de passar. Eu estava decidido à encarar o mercado de trabalho.

A vida na indústria

Na indústria eu realmente aprendi o que era a vida. Não apenas pelo trabalho em si, que era bem diferente de estudar, mas por ter que morar sozinho pela primeira vez.

Suas roupas não se lavam sozinhas, a comida estraga depois de alguns dias e as contas não param de chegar. Mas manter sua própria casa te ensina bem o valor das coisas. Recomendo a todos.

A indústria em si era bem mais complicada que eu pensava que seria. Eu achava que, como nas escolas, era só fazer o básico que tudo iria bem. Não há engano maior. Na escola você primeiro aprende para depois seu professor te testar.

Na indústria (e na vida) você é testado toda hora, e tem que aprender ali, no momento, a lidar com a situação. Mas tudo me fascinava. Eu percebi que eu sou mesmo um cara que gosta de aprender, de ter que se virar.

Mas também descobri que eu gosto de ensinar.

Vocação para professor?

Durante o mestrado eu tive oportunidade de dar algumas aulas. Mas na indústria, a gente tem que trocar conhecimento a todo instante. Eu adoro isso. E acabei entendendo um pouco sobre como usar meu “dom”. Já que eu aprendo rápido, poderia ajudar as outras pessoas que aprendem na “velocidade normal”.

Como coordenador de processos ou de P&D, minha função ali também era enriquecer o ambiente de trabalho. Com o tempo, além do emprego fixo, comecei a dar consultorias, tanto para empresas quanto para pessoas.

Esse também é o motivo deste blog existir.

Porque ficar preso a um setor ou apenas a uma empresa? Eu posso fazer mais!

Confesso que gosto mais do modelo regular, do quadro e giz e de todos ali na sala interagindo. Mas não conseguiria fazer isso com todos vocês, cada um morando em um canto do mundo. A internet está ai para nos aproximar.

É só o começo da jornada!

Quando eu tinha 18 anos, me imaginava aos 30 com a vida feita. Casado, com filhos e sem preocupações a respeito de dinheiro. Eu tinha 30 anos como um marco, o fim da juventude. O começo da decadência.

Então eu tinha que me formar logo, arrumar um bom emprego e sair em busca da princesa para viver meu conto de fadas e envelhecer feliz.

Hoje eu sou casado (muito bem casado, alias). Mas os filhos ainda não vieram e não posso dizer que tenho uma vida financeira confortável.

Eu estava enganado aos 18. Não por não ter atingido os meus objetivos, mas por achar que os 30 seriam o começo do fim.

Pare pra pensar: Nós trabalhamos, em média, até os 65 anos para aposentar. 30 nunca poderia ser o fim de nada: É apenas o começo da vida adulta.

Isso vinha do pensamento errado que eu tinha, de que trabalhar é um fardo. Não é. Trabalhar é a vida. Trabalhamos para transformar as coisas, para transformar o mundo.

Espero que os próximos anos sejam de muito trabalho. E muito aprendizado. Ainda mais do que foram esses primeiros 30 anos.

Desejo o mesmo para vocês. Que hoje seja apenas o começo, independente da sua idade. Que todo dia possa ser o começo de uma jornada espetacular.

Paulo Henrique Rodrigues Júnior
Paulo Henrique Rodrigues Júnior

Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Viçosa. Atuo no setor de P&D e Processos na indústria desde 2015.
E desde então vivo um caso de amor pelos Processos Industriais. E quando sobra um tempinho, faço uns desenhos.

Para mais conteúdos, me segue no Instagram :)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *