Diário da Jéssica #1: 3 lições que aprendi com meu primeiro chefe

Começar uma jornada profissional é um desafio para todos nós. Ficamos cheios de dúvidas, bate aquela ansiedade e aí vem um frio na barriga. Não tem jeito, precisamos passar por isso.

Comigo não foi diferente, mas tive um pouco de “sorte”. Pude contar com um chefe especial, um verdadeiro líder.

Atuei na gestão da produção de um laticínio de médio porte. Não era um trabalho fácil, mas acho que nenhum trabalho é, principalmente no início. Neste período pude aprender coisas valiosas, que até hoje me ajudam a alcançar meus resultados.

Hoje vou contar um pouquinho do que vivi nos meus primeiros anos na indústria, e como ter uma boa liderança me moldou profissionalmente.

E tal como a mim, que essas lições ajudem a vocês de alguma maneira, para que a sua primeira experiência seja tão boa quanto a minha. Vamos lá.

Lições que aprendi com meu chefe
E aí? “Bão”?

Instruir: Tudo tem um porquê.

Entrei na indústria como estagiária. Era meio que “faz tudo”. Esse período durou um mês, e foi um mês de intenso trabalho e aprendizado.

Meu chefe (Que vou chamar carinhosamente de “JJ”) direcionava minhas atividades e me fez passar por todos os setores da indústria. Desde a plataforma de recepção de leite até a expedição dos produtos.

Tive que aprender a lidar com as rotinas administrativas também. Passei pelas aberturas de “OP’s” (Ordem de Produção), apontamentos e fechamentos. Entendi como a indústria operava desde o almoxarifado até a contagem de estoque.

Por todas as rotinas da empresa, lá estava eu.

Eu andava com um caderninho anotando tudo, perguntava tudo o que podia, tentava assimilar e sempre com a “mão na massa“.

Em uma de nossas conversas de alinhamento, JJ me disse exatamente essa frase: tudo tem um porquê.

Essa “rodagem” pelos setores me fez entender que tudo têm um porquê. A indústria funciona como uma grande engrenagem e cada peça (e processo) tem seu motivo de estar ali. Ter uma visão mais geral, porém real da fábrica me fez parar com os “achismos”.

Quando se ocupa um cargo de liderança (e eu estava sendo preparada para responder por toda a produção), saber das rotinas e processos amplia nossa visão.

Desde então, em todos os meus trabalhos, antes de modificar qualquer coisa, busco entender as razões para só então formar opiniões e agir. Assim como nos treinamentos que dou, a montagem sempre é no intuito de mostrar o porquê devemos fazer algo e não “empilhar” um monte de regras e passo-a-passo.

Conduzir: Escute sua equipe.

Participei de inúmeras reuniões com as equipes dos setores produtivos. Nessa época eu já havia assumido a produção.

Não me lembro de todos os problemas que sentamos para resolver, mas me lembro que JJ sempre dava oportunidades para os membros das equipes falarem.

Essa atitude meio que tornava o ambiente mais tranquilo e colaborativo.

E também mais produtivo, porque as vezes a solução pode vir do próprio setor, de quem está “lá dentro”. Quem melhor para saber o que está acontecendo do que as próprias pessoas que trabalham ali todos os dias? Escute!

Nós, em nossos cargos de liderança, sabemos muito sobre coisas técnicas e teóricas, e as vezes sabemos mais que todos nesse quesito. Do mesmo modo, um operador sabe mais de máquina que nós, ou mesmo da rotina da empresa.

São pessoas que trabalham ali há anos. Nós quem começamos depois.

Ouvir as pessoas faz com que todos se sintam parte e não apenas peões sem importância. Isso estabelece uma relação de confiança com toda a equipe e respeito com aqueles que já estavam ali.

Claro que nem toda ideia vai dar certo, incluindo as nossas próprias, mas dar oportunidade para todos falarem faz parte da construção de uma melhor solução.

Inspirar: Faça o que precisa ser feito.

Por último, mas não menos importante: faça o que precisa ser feito, mas sem esperar reconhecimento por isso. (Atenção: não estou falando para fazer “só o que te pedem” sem proatividade, isso é papo para outro dia.)

Não teve uma situação em particular para isso. Foi um conselho direto de mentor para mentorado.

E essa é uma das lições mais difíceis de aprender. Porque nós entramos motivados nas empresas querendo mostrar serviço mesmo. E as vezes olhamos muito para aqueles projetos grandiosos, aquele trabalho que vai colocar nossa foto no quadro de funcionário do mês.

Faça seu trabalho da melhor maneira possível, independente do que os outros vão achar. Faça porque é o certo, independentemente de ser “relevante” ou não.

Eu não precisava esperar um tapinha nas costas nem um “bom trabalho”. Sei que é bom ouvir isso, mas trabalhar esperando reconhecimento é pedir para se frustrar. Porque seu foco fica nos “outros”.

Quando a gente se importa mais com o que os outros pensam do que estamos fazendo do que com o nosso real valor, abrimos uma brecha para o ego.

Evite cair na cilada para de dar atenção apenas aos problemas que dão visibilidade. Faça o seu melhor trabalho, seja um solucionador de problemas (grandes ou pequenos).

Pense em alguém que você admira, aquela pessoa que é “pau pra toda obra”, que você indica de olhos fechados e me diga: essa pessoa faz as coisas por querer ser notada ou ela é notada justamente por fazer o que precisa ser feito?

A ironia do jogo é essa: elas acabam sendo reconhecidas pelo bom trabalho, assim como o JJ.

Para finalizar

Queria dizer que tenho uma gratidão enorme por ter tido um líder como primeiro chefe. Me ajudou muito como profissional e também nas coisas da vida.

Espero que essas dicas sejam úteis e te ajude assim como me ajudaram.

Você já tinha parado para pensar em como sua liderança pode impactar na carreira de alguém?

Seja um “chefe” que inspire, principalmente se for a primeira experiência do seu liderado. Isso pode ditar a maneira como a pessoa vai encarar sua carreira.

Comente aqui o que você achou. Sua primeira experiência foi enriquecedora ou nem tanto?

Nos vemos em breve!

Jéssica Rodrigues
Jéssica Rodrigues

Compartilhando aventuras sobre a vida de uma consultora em alimentos, produtora de conteúdo e fotografa nas horas vagas! :)

5 comentários

  1. Sou uma profissional da indústria, responsável pelo setor de recepção do leite e laboratório. Desde que assumi essa posição criei um vínculo muito humano com toda a minha equipe. Nunca esfreguei na cara deles a minha posição ali dentro. Sempre mediante a um problema, fazemos um pequeno brainstorming, para se chegar à solução. Sempre os ouço, eles me ouvem e tudo se resolve na maior harmonia. Acho que a palavra chave dentro de uma indústria, mediante aos funcionários é a humanidade. Ninguém é melhor que ninguém. Cada dia que passa eu aprendo mais e mais com os meus colaboradores, a prática direta te ensina muito, é como uma aula de reforço para suas matérias principais.
    Hoje meu turno roda em total sincronia e harmonia, mesmo em dias muito conturbados. Geramos um vínculo de muito respeito e afeto, luto com unhas e dentes pela minha equipe.

    • É isso Cristiane. Estar trabalhando com pessoas requer de nós se colocar no lugar delas, independente da posição. Não são os nomes dos nossos cargos que nos definem, mas sim o que fazemos no nosso dia-a-dia. Respeito é a chave! E as pessoas gostam de líderes que defendem suas equipes, isso gera a confiança e não tenho dúvidas que eles devem fazer o mesmo por você!

      Abraços!

    • Muito bom seu comentário, Cristiane, faço minha as suas palavras!
      Respeito e humanidade. Ser um líder parceiro.
      O jeito que tratamos uns aos outros influencia diretamente no clima e como é bom – mesmo com muito trabalho – o ambiente estar leve!

  2. Caramba!! Que artigo top!
    Traduziu em belas palavras como um líder é fundamental na vida de um liderado. Muitas vezes nos prendemos aos grandes feitos e nos esquecemos do quanto nosso início é importante. Compartilho desse carinho pelo “JJ” e volto minha admiração pela profissional você é, de quem pude acompanhar o desenvolvimento e o prazer em dividir muitos dos meus dias. Sem dúvida alguma você é uma das minhas pessoas favoritas e que tem fundamental contribuição em minha formação.

    Parabéns pelo artigo e fico aqui no aguardo dos próximos.

    Arrasou!!

    Sou fã demais ( do PH também) ☺️

    • Muito obrigada pelo carinho e parceria, Raquel!
      Viagem no tempo e recordações enquanto escrevia e você presente nas memórias daquele tempo.
      Pra mim foi um grande privilégio ter compartilhado esse início de jornada com você, dias de perrengues e alegrias.
      Sem dúvidas, sua presença foi essencial.
      Gravada no coração para sempre!!

      Obrigada por tanto! ❤

      E, eu quem sou sua fã!

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